Eu tenho me visto pela cidade. Vi a mim mesmo nos olhos de uma vendedora de loja que lembrou-se de que eu vendia, nas tardes de há mais de 12 anos, salgados e doces. Vi-me nos olhos de Cabeça quando passei por ele no Jardim e ele fez a mesma referência, com abraços calorosos de quem não se vê há quase 7 anos, desde um acidental encontro no Maleta. Este mesmo eu que encontro pela cidade também surgiu-me quando encontrei Cíntia, meio-dia, no Jardim, e se eu fechasse apertado os olhos, veria um banco onde as meninas todas estavam sentadas chamando por mim para comprar salgados depois da aula. Laura lembrou uma frase daquela época, que ela não viu, mas que ela adorou a história, de como conheci Ana Luíza em meio a sanduíches naturais. E foi a isso que Boy e Aline fizeram referência quando me convidaram para padrinho, e Aline lembrou do apelido há poucos dias.
Esta é a imagem minha que mais tenho revisto desde que cheguei: a época em que vendia doces e salgados pelas ruas. O apelido voltou cheio de ternura nos lábios de diversas pessoas! Ontem, tudo isso se resumiu nas lágrimas de Marcele. E o Corujão, lugar onde tudo sempre acontece, me deu mais esse presente. Marcele chorava porque me via depois de 10 anos. E lembrou tantas histórias, e se explicou para os presentes conhecidos tentando transmitir o sentimento. Dois velhos amigos que há muito não se viam numa mesa de bar onde tudo um dia começou. E ela lembrou do tempo dos salgados também, contou do seu momento presente, rimos daquela época e nos descobrimos vizinhos, nesta Passagem que sempre me surpreende.
Ainda não tomei um café na casa de Mãe Dôra, ainda não fui ver Tetê, ainda não vi a Lourdes (que espera não só a mim), ainda não tomei uma Brahma com Vanessa, Costilla chega essa semana próxima, Fabrício aparecerá qualquer dia, preciso ligar para o Fernando, preciso andar de trem aqui com o Welber, mas ontem, depois que Marcele chorou ao me ver sentado sozinho esperando Pedrão chegar, queria ter visto todo mundo e pensei que, como a noite já era mágica, que Edmar chegaria depois de sair do Sagarana, que Giu pediria uma dose de vodca, que Ana, Maguinho e o Boga gritariam na porta, que um violão chegaria nas costas do Dudu, que Clarinha chegaria com o sorriso imenso cheio dessas alegrias que transbordam em lágrimas no Corujão, no que existe além dele em mim, na sua continuidade nas ruas, nas calçadas centenárias.
O que há de doce no retorno. Que seja assim no meu também.
ResponderExcluir...porque o Corujão é para onde todo mundo vai, onde todo mundo chega, onde cabe todo o mundo das lembranças. Hora dessas a gente vai sentar, quem sabe lá no corujão mesmo, e se for lá, vale pedir ao Zé pra botar aquele velho Eagles de que ele tanto gosta. Mas se a gente der sorte, vai rolar um Abba Gold. Viva as lembranças vivas!
ResponderExcluirPua que pariu, mano! Chorei junto.
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