terça-feira, 7 de maio de 2013

outrem


passageiro de mim desembarco
desse trem só movimento
no outono estacionado pleno em nada

teço o trilho azul que segue além
ao som de um rio decomposto
coberto de anilina e falsa forma

percebo neste trem do qual despeço
a peça pulsante de sentido
proposta pela máquina adiada

feita de delírio e triste espanto
na corrida desmedida, só mistério,
do que antes já foi vida e é resposta

condenso o trilho azul transpondo a linha
que divide o riscado das palavras
para trazer em mim o mesmo

que perdido já é falta
na paragem deste trem, som do vazio,
soltam ao ar as folhas deste outono

lugar que marca a ida e desencontros
na constelação contrária de um lago
onde miro o que em mim é outro dia


Passagem de Mariana, 7 de maio de 2013.

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