Hoje o mar, sua ampliadão. Nas noites geralistas, as margens
impossíveis entre a travessia e o atravessar. Há o Chico que dá a
lua, vermelha, na vazante de seu fluxo. Mas há além, onde o Chico
quebra, a amplidão atlântica azulada das tardes desse inverno na linha final: ponta de areia onde o Velho Gigante se abraça ao
sal.
O Chico, em sal, no Atlântico. Atlântico como o Tejo, o Amazonas. Atlânticos rios que me passam na amplidão do mar, nessas tardes, onde o passar, seu vagar e ficar, são mais a calmaria de ontem, nesse céu de azul de doer.
O Chico, em sal, no Atlântico. Atlântico como o Tejo, o Amazonas. Atlânticos rios que me passam na amplidão do mar, nessas tardes, onde o passar, seu vagar e ficar, são mais a calmaria de ontem, nesse céu de azul de doer.
E em tudo uma espera: a casa, lenta, que agora espera; o tempo das
velhas panelas, com a tradição de mim em atropelos. As cozinhas
fartas de amizades, de contos que, guardados, cabem na curva marrom
mais fina da concha de um caramujo. O novo falar e o novo auscutar,
porque há no sertão desses gerais outros sons sabores de saberes
novos, encroados. De suores novos mal digeridos e o sal na língua
que lambe a velha palavra dia: dia, constante como o tempo das
galáxias.
É sal o sol da amplidão no barro das coisas atravancadas nas
barrancas. E as criança em sal correm nas ruas de pedra nesse sol de
julho, só sal. Branca, a nuvem solitária que passa me lembra: tudo
tem fecho e segurança, tudo na amplidão de limites, para
transpô-los como a um novo sabor, como a experiência que o corpo
presenteia aos sentidos, quando em contato com uma inaugural
madrugada. Tudo em sal por fim. Fino. Fino como o mais fino dos sais,
porque – mínimos – se escondem nos poros.
Espera e sal: tudo na amplidão sem fechos fechados na esfera onde os
rios são por fim o Atlântico, o Pacífico, os mares misturados.
Hoje o mar, amplidão. Esse céu, meu inverno em mim azul de doer. Um
inverno, sem frio possível, mas de rio e lendas. Cantam nas águas
as vidas que estão além do abismo, a gruta que no fundo do rio
levará a todos para o que temos de mais.
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