para ana
o
amor, seus contratos e o que há mais, no que cabe de mais. o amor
feito um guindaste, gigante e profundo como um precipício. onde, o
amor, então? como segurá-lo entre as mãos sem que ele caia nessa
via que segue serpenteando a montanha, com forte vento por trás, que
nos carrega a alma seca de vertigens e velha como os dias das eras,
antigas como o início dos tempos, mas hoje na ocupação diurna?
como saber o amor, vivê-lo e condensá-lo num verso que seja capaz
de exprimir com clareza além das letras de um nome, além das formas
comuns, das pequenas coisas do dia? onde o amor está perdido e
encontrado, raptado de seus ais sem muitos lances, onde cabe na
verdade esse desvelo e meu jeito, onde durmo pesado? onde o amor me
recupera das velhas feridas, dos tropeços e desenganos, desse mentir
repetido a mim que em mim de fato pensava que cabia, e que não cabe,
mas que punge na força dos dedos na noite, nas dores dos músculos
da testa quando esvai a dor pelos poros, onde os atos e seus
resultados se colocam empatados e não estamos mais no caminho da
dúvida? como abrir mão do que se pensou e ouviu, seguindo uma velha
lição, para chegar, no fim, na gema densa, essa joia dura de
carbono e sal? enquanto o sal tiver sabor de sal. enquanto esse enfim
se materializa?
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