Hoje, meu silêncio enlutado. Meu recolhimento.
Amanhã recomeço. Mais forte e intragável, talvez no melhor de mim, lutando sabe-se até onde for possível para que o voto popular seja sempre respeitado. E a democracia não cairá assim, sem lutas.
Aviso aos navegantes: tempos turbulentos começam neste blog, na minha vida pessoal, na minha postura pública, no meu embate diário de cunho - sempre - político. E eu não estarei sozinho nesta luta.
Mas hoje, silêncio enlutado. Mas só por hoje.
quarta-feira, 31 de agosto de 2016
sábado, 20 de agosto de 2016
nossos poros
em um poro
e as mãos
em uma
e a língua
em fala
: palavra
onde nós nos deitamos inteiros
e abraçados somos
somas de formas difusas
curtas ondas de intenção
e força
nossa soma
no fundo do inverso
na busca por sim
onde o hoje
[o chão que pisamos]
é ontem e amanhã
e levantados no ar
de gravidades
sentimos a palavra
em que deitamos e somos
a palavra que nos abraça
sábado, 13 de agosto de 2016
Atlântica - III
mar
onde mergulho os sonhos
e zarpo barcos de papel
rumo à infinita linha que é curva
e que abriga
a espuma e o sal
mar
onde perco o fim desatado do azul impreciso
cheio de abismos como o nome
sob o céu e seus perigos
nas profundezas abissais
mar
onde molho estas mãos
profundas
e busco as ondas perdidas
o indefinido e incontido desejo em sal
cheio de poros azuis e marés
de braços dos laços no inaudito
mar
onde o que quero é sim
como o som do sumir da espuma nas bocas da areia
esta areia que trago nos bolsos para te dar
poucas conchas delicadas onde te escondo
para te redescobrir inteira
nas ondas que procuro
[teus destinos]
[teus destinos]
terça-feira, 9 de agosto de 2016
quarta-feira, 3 de agosto de 2016
é
preciso vencer um limite
um
passo
e
impreciso dar um passo
um
limite
onde
o limite é também um passo
preciso
do
que é impreciso
e
conjugar
o verbo errado
num
risco
para
saber do risco
errado
e errar pelo rio difuso
onde
o hiato é todo o rio
perder-se
no rio
sem
caixas de bagagem
ou
caminhos difusos
ou
seres do outro lado do lago
no
fundo das águas
aguardando
na sombra
o
bote
ser
o bote
difuso
o passo
nesse
fio
onde
há corpo
no
plural do sim
corpo
sem controle
pleno
de desejo
sujo
de vontade
preso
debaixo de unhas carcomidas
é
noite.
e os
joelhos ao peito
dobram
as sombras
porque
é noite
e à
noite
cabe
talvez esse fio
fino
a
que chamam dobra
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
Atlântica - II
Faz falta a ponte na ponta da baía ao sol desse inverno. Fazem falta os navios ancorados no Penedo, os rebocadores branco e pretos e um pequeno barco que liga o centro de Vitória a Paul. Fazem falta os muitos quilômetros da Vitória à Minas, seus solavancos e o entardecer visto por suas janelas sujas do minério de Minas. Faz falta a Praça da Estação, as bagagens, os abraços de chegada. Faz falta o tobogã da Contorno à 21h da sexta, quando as pessoas resolvem entrar em casa e sair. Faz falta o Maletta, seus livros e bares. Faz falta a serra de Itabirito, o caminho. Faz falta ver Ouro Preto sob a neblina, ver o Ribeirão do Carmo entre rochedos e Mariana amanhecendo numa linha de sol. Faz falta a estrada, os cafezais de Manhuaçu em flor, o São Pedro no frio de Juiz de Fora. Faz falta o rosto no espelho. O mesmo que se viu refletido em retinas, lentes de óculos, vitrines de livrarias, garrafas de vinhos. Faz falta o rosto no espelho, esse rosto hoje que é também um amontoado de casas.
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