aprendo todo dia um jeito diferente de não me levantar da cama. mas insistem que há vida lá fora e que eu preciso dela, de alguma maneira. meu diário é um livro de consultas sobre o que não fazer de novo, sobre o que faço de novo, sobre o que ainda preciso pensar melhor. os poemas que serão perdidos estão aqui, nas estantes, em papéis dizendo que o eu que está neles não sou eu, mas é maior que o mim que habita em mim, na dupla relação complicada de existir no mundo com um mundo. faço café todos os dias com a promessa de parar um dia de fazê-lo, promessa inútil como a pergunta se se é feliz. a felicidade não é um ser, como eu, como alguém com nome diverso do meu. pode ser nome, palavra de dicionário. não é um fim de estrada que se caminha, prêmio por conquista. a felicidade está nas forças duras do mundo, aquelas que me ensinam todos os dias que eu não as posso atravessar. nem às partículas do ar, que se deslocam para eu ocupar-lhes o espaço abandonado. todos os dias, as coisas se repetem e Machado de Assis confere a mim alguma ironia no dia. Cronópio cortazariano, com doses extras de Fama que atrapalham, cercado de esperanças, essas bibliotecárias, e de referências intertextuais sacanas que levam esse texto a outros caminhos interpretativos. não sou eu que escrevo aqui, saibam disso. não me creditem.
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