sexta-feira, 3 de junho de 2016


a calma do rio, seu passar. as noites longas onde tudo é árvore, nuvens pesadas e estrelas. o som do tempo nas coisas, os espinhos e o que de mar tem ainda nos poros. onde o passar? onde esse tempo grosso? nas coisas esquecidas do dia, ao sol, essas frutas pelo chão e o quintal que se limpa de folhas de limão, o muro caiado que me mira, sem cercar de fato o que tem. os novos verbos nunca usados, cheios, carregados e pesados, de sabores de cajá, um fardo de cana nos carros de boi que cortam as estradas, as memórias dos vapores e das balsas. o silêncio do rio majestoso e pleno, de águas sagradas onde os jacarés se banham. banhar-me de tempo nesse acaso de nome palavra que pulsa comendo a memória de meus medos e a forma de minhas palavras. há estrada, há cais. onde o cais?

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