a calma do rio, seu passar. as noites longas onde tudo é árvore,
nuvens pesadas e estrelas. o som do tempo nas coisas, os espinhos e o
que de mar tem ainda nos poros. onde o passar? onde esse tempo
grosso? nas coisas esquecidas do dia, ao sol, essas frutas pelo chão
e o quintal que se limpa de folhas de limão, o muro caiado que me
mira, sem cercar de fato o que tem. os novos verbos nunca usados,
cheios, carregados e pesados, de sabores de cajá, um fardo de cana nos
carros de boi que cortam as estradas, as memórias dos vapores e das
balsas. o silêncio do rio majestoso e pleno, de águas sagradas onde
os jacarés se banham. banhar-me de tempo nesse acaso de nome palavra
que pulsa comendo a memória de meus medos e a forma de
minhas palavras. há estrada, há cais. onde o cais?
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