Escrevi o poema acima no meio da graduação. Ele foi escrito muitas vezes, em apostilas, textos, etc. Hoje o reencontrei, ainda à mão. O poema esperou o dia de hoje para ganhar as cores. Esperou o dia de hoje para chegar neste formato. Ficou guardado numa cópia de um livro de um autor russo esperando o momento do salto.
Na época que o escrevi estava envolvido com o movimento estudantil. Se não me falha a memória, foi um poema escrito quando apoiava e fazia campanha para uma chapa de DCE encabeçada por amigos dos cursos do ICHS-UFOP, chapa que ganhou uma quente eleição e que levava a palavra luta em seu nome. No calor daquela eleição só pensava nos sete degraus da luta por que passávamos. Naquele momento, a luta era feroz - por votos, por discussões, por lugares de debates, por mudanças das posturas da universidade diante de questões que até hoje aquecem os debates dos alunos da UFOP - moradia, amparo estudantil, segurança, melhores condições de ensino e permanência. Uma luta diária em meio a um corpo discente dividido naquela disputa de duas chapas com aspirações opostas e com diálogos calorosos. Em mim o eco era esse, como está aí no poema.
Hoje é outro tempo e a luta para que eleições ainda possam trazer esse calor. Para que a democracia siga, cada vez mais madura, propiciando a construção daquilo que fazemos aos poucos, na constante luta política que nos move. Hoje, meu poema diz mais do que eu queria dizer naquela época. E dentre as muitas coisas que diz, diz que o ato de lutar é sempre múltiplo e este poema, o poema, a escrita, é meu lugar de luta. Escrever também é lutar, "lutar com palavras", citando Drummond. E quando o ciclo do dia se consumir, a luta prosseguirá nas ruas do sono, na noite, esperando o raiar de outro dia.
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