No comum fechar sobre si é que mora a beleza do recomeçar que meu ano instaura em mim cheio de novas folhagens. Como planta que vai ao sol depois de dias, como eu no mergulho silencioso nas águas do mundo que quebram espumantes nas areias do Brasil.
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
Tear de Ondas: Lançamento
É com imenso prazer que o Desde que o samba é samba anuncia o lançamento do meu terceiro livro, Tear de ondas, publicado pelo projeto editorial Aves de água.
O livro, escrito ao longo de 2012, só agora vem a público em sua versão digital.
Para lê-lo, basta acessar a aba intitulada "Tear de ondas" ou clicar aqui!
É possível também ouvir um trecho do livro. Para ouvir, é só clicar em Tear de ondas, I, primeiro movimento.
E não deixem de conferir, também, a página do Projeto editorial Aves de Água no endereço http://www.avesdeagua.com.br
Espero que gostem!
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
Preparação de partida - parte I
Há preparação de partida, sem tantas histórias desta vez. Poucos
poemas escritos (ruins quase todos), nenhum texto em prosa que agrade
(e muitos parados empoeirando), algumas rugas, livros que se empilham
e questões teóricas cada dia mais profundas que sentem, em cada
dobra, o peso das decisões. Nenhum romance lido por inteiro num
sábado, a descoberta da poesia alemã do século XX, o estudo de
grego e hebraico antigos, Dante e Petrarca de foices em punho lutando
por um caminho no tempo da eternidade. Até o nada, a velha proposta,
parou – não sei se em suspensão ou em queda – ao som deste
constante rio em que pedras militantes lutam, como eu, contra a ordem
forçada que nos querem convencer a aceitá-las ao chamá-las “naturais”.
Houve neste tempo o vermelho, poucas discussões efetivamente
políticas, densas, como as que minha cozinha estava tão acostumada! E esta falta frustrou as panelas, as xícaras, os pratos de vidro, os garfos e, principalmente, as facas. O sumiço
da política no almoço deu lugar a discussões de praça que
passavam ao largo de tudo isso que antes era pão, café, arroz e
feijão. Falam tão pouco desses assuntos! Mas postam fotos, frases
prontas no tempo dos novos aforismos sem contexto e de frases
sumárias que impõem o silêncio.
Sinto nos dedos o tempo do fim dos debates, a morte do espaço em que se discutir qualquer assunto era possível, mesmo que em tom discordante. As listas com os nomes de quem diz "não", creio, já estão em redação em algum lugar. Sobrou de tudo a vontade de quebrar o vaso proibido, do alto do aparador, relíquia de família, só para ver que barulho faz quando cai. Caiu e não fez barulho e assustou mais pelos cacos do que pelo efeito da queda, a magia do vaso na fração do ar.
Sinto nos dedos o tempo do fim dos debates, a morte do espaço em que se discutir qualquer assunto era possível, mesmo que em tom discordante. As listas com os nomes de quem diz "não", creio, já estão em redação em algum lugar. Sobrou de tudo a vontade de quebrar o vaso proibido, do alto do aparador, relíquia de família, só para ver que barulho faz quando cai. Caiu e não fez barulho e assustou mais pelos cacos do que pelo efeito da queda, a magia do vaso na fração do ar.
Há caixas que nem saíram e outras que nem chegaram. Há um encontro
adiado cheio de amores e dores entre mim e ela que me espera,
diferente de quando a deixei, tão diferente e florida naquela manhã de agosto. E nossos desafetos, nossas
risadas, nosso ainda encontro casual se dá, repentino, quando uma flor se lança
suicida na avenida. Compusemo-nos, os dois, no tempo que nos distanciamos, de carícias
íntimas, esses grandes amores que, por amedrontadores, cativam-nos e nos doem nos ossos.
Mudamos, enfim. De mudanças e mudanças, todo ato é partida, toda
decisão é uma flor suicida na avenida, curtindo o vento da queda
antes de atropelada por um ônibus. E a partida, desta vez, é o
vaso-relíquia que caiu da estante e não fez barulho, nem trouxe
reprimenda nem castigo, mas quebrou a tradição de família: aquela
que insiste, de alguma maneira, em guardar nas coisas o ar respirado
por nosso passado e pelos nossos ancestrais. A isso, creio, não chamo mais de lar.
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