domingo, 2 de outubro de 2016

O rio

o que traz de novo esse fundo lodoso onde o tempo leva galhas e quilhas. sobra o mar no fundo do velho Chico. o mar ancestral que nos abraça e me rememora o cais, aquele mar que mirava distante de uma janela. as quilhas esquecidas no fundo do rio e as cavernas que o Chico esconde: rio-mar deste sertão. 

nele mergulho os pensamentos. é imprecisa a necessidade de ter nos dedos os pensares e os pesares, saber o tempo, a questão, o quanto. quanto de quanto há em todo o resto, nas coisas acumuladas e na vontade de esbarrar por aqui, de não mais seguir encaixotando e desencaixotando a vida, escolhendo casas para depois? 

voltam os papéis e os gráficos, as datas em sequência. tempo... onde, tempo, desencobre as pedras e os limos? onde, tempo, eu saberei o tempo do tempo, seu passar, os manuais que as pessoas usam para se decifrar já que o outro é distante como o fundo do Chico, lodoso como o fundo do rio-mar? onde, tempo, descer ao medo e descansar?