sexta-feira, 23 de outubro de 2015

é corpo seu norte

é corpo seu norte
agulha de bússola
aponta o dentro
a fundo e fundo

no fundo que
enfim
é muito confuso
cheio de rotas curvas
em mapa não dedilhado.

é copro seu norte
amado distante
feito frio fino
um sopro atrás da orelha do olvido
onde as palavras ecoam sem mais
vindas do ali
[para mais].


é corpo seu norte
forte imantado
braço no escuro
e o lençol leve de culpa
que nula
paira sobre a lama suada
dos corpos amados que tombam
desfeitos
sem mais cais.

é corpo seu norte
sem pressão de saliva
sem peso de medo
disperso na vida das unhas
nas marcas dos cabelos
nas rugas que o corpo sempre traz
mesmo jovem
sempre intenso
caçando os sabores do assinte
onde nada, pleno, conduz para salto.

é corpo seu norte
feito corte com faca de cozinha
na parte baixa da língua
onde lambe-se o nome
velho como o mundo
e ele nos engole.

Danilo Barcelos. primavera. 15.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

é estranho esse nem quase tanto,
quase nem visto,
de destino no isto.

é estranho esse nem quase tanto
se sabe lá desse tanto
se nesse esse tem esse de mim
nesse mim
que nem cabe direito nos tantos,
(atrapalhados do mundo)
que nem cabe direito num lápis
no que separa as sílabas
no que distorce,
no por fim,
num tudo assim de nem quase tanto.

e nesse nem quase tanto
assim cheio de tão cheio,
de meio a meio, pro sim,
querer achar o que há de Tem-fim.
é Tem-fim o sem-fim?
cabe nele esse nem quase tanto,
sabe-se lá, de meio a meio pro assim?