surgem novas palavras e eu esqueço antigos nomes. busco os nomes e os
antigos que esqueci formam os buracos de traças e o tempo imprime a antiga
palavra, alimento de um verme que há muito não encontro. nos escombros dos
festejos, entre cacos e cigarros, ela ainda faz brotar grossas lágrimas em outros olhos. comove, porque talvez ainda me comova no silêncio que a custo se dilui. amarradas
nas espumas das ondas, nossas sílabas se misturam no infinito das águas do
mundo desfeitas como sempre, neste mar que não pode mais buscar outros
caminhos. líquido o nome que a língua lambeu, na madrugada de mim feito infortúnio,
quis sumir aos poucos na neblina e se perdeu, enfim, por completo, das
palavras. desgarrada de todos os nãos, ela não mais contempla a cor dos meus
dias na alvorada e se perdeu por completo na surdina. nem nos livros, nas páginas
que marquei com dedos da saudade, não há mais os misturados nós nas cores
comovidas. ela segue em algum lugar despertencido dos sentidos dos meus tatos,
pontos que não causam em mim velhas memórias. no fim da longa estrada, quando
meus dedos tortos já não mais terão ao alcance as cores da sua íris, ela surgirá
compacta, de outro nome e forma, e brilhará na noite, na ante-sala madrugada
que não consigo deixar.
"O manto, tão vermelho, amarelou, como Alvorada.
ResponderExcluirE eu continuo contando, cantando, sem bloco na rua. Olhando, de novo, a Penha."