Cometi um erro que custará caro. Caro além das medidas. Caro como arrancar das plantas folhas que não mais trarão a vida-verde costumeira, a vida em fluxo, a vida em seiva - forma com que a natureza dá vida a todos os mortais.
A forma-vida é seiva, é densa, mais que o tom do dia no poema acordado, mais que a força inconstante do problema. Saber: como respeitar e saber que tudo, em tudo, é seiva, independendo o nome, a cor e a forma. A brincadeira do leite derramado, do anel que se passou, vidro, vidrilho. A torta carne cortada pela verdade insalobre da eterna inércia, como um morto infante, como corpo cansado de gás.
Cometi um erro maior que a proporção indócil, maior que a cor indistintamente vermelha da agonia-chocolate. A gosma-vida que o mar transmite, cheia de sal e de vida do todo, tomando e agredindo o interno formato da alma, perturbando a paz dos contentados. A paz, a inconstante paz, a ilusória paz que se proíbe com a afirmação da própria paz.
Não mais, musa, não mais, porque de tanto cantar a gente endurecida, o que era vida em profusão, o gosto do corpo sobre o asfalto, é erro e sal, cor-serpentina.
Cometer erros é um belo caminho assentado em pé-de-moleque.
ResponderExcluirMelão, sua prosa poética continua hermética mas (e) extremamente bem construída. Tenho um prazer imenso em ler o que escreve. Mesmo que não saiba, até imprimo, como foi o caso do envelope pardo. Grande abraço do amigo-irmão Giu
ResponderExcluirValeu Giu! É bom saber que c curte meus textos assim!
ResponderExcluirValeu mesmo! E continuo lendo e gostando muito dos seus micro-conto-poemas-em-prosa.
Abração, irmão!
Gostei da imagem do pé-de-moleque, Welber! Olha que isso dá samba!
ResponderExcluirgosto dos erros todos. desde que nos façam mudar de cor.
ResponderExcluirÉ que o samba já era samba... o problema é o nome de tudo. Pé-de-moleque é doce!
ResponderExcluir"Caro como arrancar das plantas folhas"
ResponderExcluirgenial